Título: Norte e Sul
Autor: Elizabeth Gaskell
Editora: Martin Claret
Páginas: 747
Ano: 2015
Gênero: Literatura Estrangeira

Publicado em 1854, “Norte e Sul” retrata os efeitos da Revolução Industrial no solo inglês. As personagens principais: Mr. Thornton e Margaret dualizam o norte (industrial, sujo e sem modos) e o sul (bucólico e aristocrático). O relacionamento entre os dois pode evocar no leitor lembranças de Orgulho e Preconceito , pois, assim como na obra de Austen, as personagens de Gaskell também precisam passar por cima das convenções sociais e dos pré-conceitos em busca do amor e da realização. O romance “Norte e Sul” foi escrito e publicado na revista Household Words na forma de folhetim, como era de costumeiro, no ano de 1854, quando a Inglaterra sofria os efeitos da Revolução Industrial e das mudanças delas advindas. A mola propulsora do enredo é a mudança da família de Margaret, da idílica cidade de Helstone, sul da Inglaterra, para o centro industrial de Milton-North.
Norte e Sul é um romance que tem como o pano de fundo o
norte e o sul da Inglaterra. Primeiramente a autora nos apresenta o Sul, o bucólico,
o aristocrático, o lugar que a protagonista Margaret Hale nasceu e tem como
lar. Já o Norte a parte suja, degradante, e cheias de industrias é aonde o Sr.
Thorton vive como um industrial rico e bem-sucedido.
Esse livro conta uma parte da revolução industrial que
ocorreu na Inglaterra no século XIX, por motivos que um deles é o baixo salário
e as condições de trabalho, há também uma grande discussão sobre os sindicatos
e como eles atuavam na época. Esse romance vai tratar de uma forma política as
relações sociais em uma cidade fictícia que a autora criou, nela há um grande parâmetro
entre as relações culturais e sociais existentes no norte e sul.
O livro é lembrando por ser parecido com a obra prima de
Jane Austen Orgulho e Preconceito, já que os protagonistas enfrentarão o próprio
preconceito e o orgulho para ficarem juntos. Ressaltando que Margart é uma
jovem que nasceu no Sul, mas foi mandada para viver um tempo com sua tia que
tinha boas relações e fortuna em Londres, depois desse tempo ela volta para sua
adorada Helstone para descobrir que seu pai, um pároco, tem dúvidas em torno da
sua vocação e decide mudar-se com a família para outra cidade que será a Milton
do Norte e recomeçar como professor particular de industriais que incluem o Sr.
Thorton que é um rico industrial de Milton conhecido por sua determinação nos negócios.
Assim que a protagonista chega em Milton a autora nos apresenta detalhes
vividos de como seriam viver em uma cidade que é governada pela indústria, pois
até os modos se diferem das maneiras acostumadas que presenciamos nos romances
de época – creio eu que existe uma liberdade de comportamento nas pessoas de
todas as classes no Norte – Margaret
logo vira amiga de um dos operários e vê de forma bastante clara como eles são
tratados pelos patrões, isso é a causa de muitas desavenças entre ela e o Sr.
Thorton.
"E pouco a pouco ele perdeu todo o ressentimento, ao perguntar-se como era, ou poderia ser, que dois homens como ele e Higgins, vivendo do mesmo negócio, trabalhando cada um da sua maneira para o mesmo objetivo, podiam olhar para a posição e os deveres do outro de um modo tão diferente e estranho. E então surgiu aquele relacionamento que, embora não tivesse o efeito de prevenir qualquer conflito futuro de opinião ou de ação quando a ocasião surgisse, permitiria de qualquer modo, que tanto o patrão como o empregado olhassem um para o outro com mais caridade e simpatia, e suportassem um ao outro com mais paciência e gentileza. Além desta melhoria de sentimentos, tanto Mr. Thorton quanto seus trabalhadores descobriram sua ignorância quanto a assuntos triviais, conhecidos até então de um lado, mas não do outro."
Não posso permitir que ao lerem a minha resenha pensem que
Thorton é um personagem que deve ser odiado, ao contrário, ele é uma versão
nortenha do Mr. Darcy. É um homem de laços que não tem nobreza ou a
aristocracia, mas que tem esforço e determinação. Devo dizer que é o meu tipo
preferido de mocinho, aquele que é bondoso, determinado e simples e que seja
britânico, por que quem em nome de Deus resiste a um sotaque daqueles?
Mas por favor não leiam com o pensamento que essa obra da
Elizabeth é parecida de forma íntima com os livros de Jane Austen, enquanto
Austen satiriza a sociedade por suas falsas relações, Gaskell mergulha de uma
forma perturbadora e real nas fraquezas e os receios mais temidos do ser humano
e em como viver uma vida para qual não foi feita podem degradar o ser humano
pouco a pouco.