02 agosto, 2016

Resenha - Holocausto Brasileiro

Título: Holocausto Brasileiro
Autora: Daniela Arbex
Editora: Geração Editorial
Páginas: 256
Ano: 2013
Gênero: História/Documentário

Sinopse: Neste livro-reportagem fundamental, a premiada jornalista Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da nossa história: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Ao fazê-lo, a autora traz à luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a conivência de médicos, funcionários e também da população, pois nenhuma violação dos direitos humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omissão da sociedade.
Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.
Já no prefácio deu para perceber que essa história é dramática, revoltante e ao mesmo tempo instigante, gosto de documentários sobre assuntos polêmicos e pesados, mas que fazem parte da nossa história.

No primeiro capítulo conhecemos Marlene, ela foi contratada como atendente psiquiátrica, a maneira como ela descreve o que viu assim que entrou no pavilhão onde trabalharia é algo assustador, são vários homens muito magros, nus, atirados no chão em meio a um monte de capim.
Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava, gente que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas, violentadas por seus patrões, eram esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, eram filhas de fazendeiros as quais perderam a virgindade antes do casamento. Eram homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos trinta e três eram crianças.
O Colônia começou a receber cada vez mais gente e para se ter espaço foram colocados capim nas alas para os internados ali dormirem em cima, sem camas, mais espaço, mais gente vinha para o Colônia. Gente é estarrecedor saber de algo assim, eu me sinto culpada por não ter tido contato com essa história antes.

Muitas pessoas chegaram até o Colônia de trem, chamado de ‘Trem de Doido’. Quando embarcavam, muitos não sabiam para onde iriam, mal sabiam que estavam sendo levados para um verdadeiro campo de concentração.

Conforme a leitura vai evoluindo vamos conhecendo várias pessoas que passaram pelo Colônia e cada vez mais essa história me deixava triste, teve um momento que me bateu um desespero e comecei a chorar sem parar.

Antônio viveu no Colônia por 34 anos e quando saiu foi difícil se reintegrar à sociedade, estava desacostumado a ser livre e quase sempre sonhava com as sessões de eletrochoque.

Um dos funcionários conta que a medicação e o eletrochoque eram usados muitas vezes não como tratamento e sim como punição, como intimidação.

As pessoas participavam das sessões de eletrochoque aleatoriamente, funcionárias da cozinha foram sorteadas para presidir uma sessão, isso é um absurdo, um descaso com a vida humana, muitos não sobreviviam a carga alta.

Chiquinha trabalhou no refeitório do Colônia, mas conviveu desde os 10 anos com o local, sua mãe trabalhava lá e ela ia levar marmita e ajudava, só não entendia porque aquelas pessoas eram privadas de liberdade.

Mesmo que aquele lugar tirasse a dignidade, a liberdade de todos eles o mais incrível é ver que muitos se ajudavam, muitos tiravam a roupa para fazer uma fogueira, pois eram deixados à noite do lado de fora, ajudavam quando alguém estava doente, isso mostra que nem todos os sentimentos eram tirados daqueles que sofriam ali dentro.

Uma mulher grávida em busca de proteger o seu filho, passava as próprias fezes na barriga, assim os funcionários não se atreviam a chegar perto.


Gente é impossível segurar a emoção, as lágrimas lendo os depoimentos de pessoas que viviam em miséria total, esquecidos, mas é reconfortante saber que muitos conseguiram sair de lá e ter uma vida, ter o prazer de comer a chamada ‘comida boa’, ter o prazer de ter o seu dinheiro, de poder escolher com o que vai gastar.

O livro traz imagens impressionantes, vale a pena perder um tempinho observando os detalhes. Esse é um dos livros mais tristes que li esse ano, mas ao mesmo tempo agradeço por ter encontrado ele e conhecido essa história, que não pode ser esquecida. Conheci muitas histórias tristes, mas outras lindas de esperança e uma delas é o reencontro entre Geralda e seu filho João Bosco depois de 40 anos.
Claro que recomendo a leitura!!

18 comentários

  1. Uau!!! UAU!!! Me convenceu completamente. Vou agora mesmo procurar a obra. Preciso ler. E depois de engolir aquele de Tchernóbil esse merece ser lido também.
    Dica incrível. Resenha excelente.

    >> Vida Complicada <<

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  2. Gostei gastante da sua resenha sobre um livro que como disse, ser bem triste, eu já tenho ele comigo, mas ainda não encontrei o momento para ler, espero logo poder mudar isso e dar a chance.

    Beijos

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  3. Olá!
    Apesar da sua resenha positiva (e muito linda, devo dizer!), eu não gosto muito de livros do gênero, então essa seria uma leitura que eu não faria.
    Prefiro livros mais leves e divertidos, nada de livros tristes =[
    Mas fico feliz que tenha gostado da leitura e mais feliz ainda de saber que muitas pessoas conseguiram sair de lá e ter uma vida.
    Ótima resenha!
    Beijos!

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  4. Oie, que bom saber que você gostou desse livro. eu também o li e me emocionei muito com o que ele aborda e é triste saber que tudo isso aconteceu no país que vivemos, há tão pouco tempo. É certamente uma história que não pode ser esquecida e precisamos lembrar esses sofredores. Você disse que gosta de documentários sobre histórias reais, indico o livro presos que menstruam.

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  5. Eu não estou pegando livros pesados demais, mesmo lendo nesse momento sobre psicopatia... É mais para um estudo de caso. Citei o tema, mesmo que não tenha nada haver porque eu estou numa onda de positividade, como tbm não gosto de lê gêneros voltados a documentário. Confesso que se eu chegasse a ler seria por obrigação, mas eu posso dizer que fiquei mais que convencida com tua resenha.

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  6. Olá!
    Quero muito ler esse livro, quase baixei e desisti.
    Mas pelo que li da resenha apesar de pesado também é informativo.
    Tenho que estar preparada, pois triste ele é e não tinha como não o ser.
    A sua resenha só me animou a ler.
    Bjs

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  7. O livro parece interessantíssimo, mas não sei se tenho o psicológico pra leitura. Nitidamente é uma narrativa bem pesada dada a situação, sempre fico com o coração muito apertado com coisas assim!
    www.belapsicose.com

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  8. Caraca, eu quero muito ler esse livro o_o Ele é citado sempre na faculdade e isso só me faz pensar: como não li ainda???? Vou mudar esse quadro em breve.

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  9. Olá, esse livro foi recomendado por um professor meu de quando eu fazia jornalismo *-* Apesar de ser um tema duro e forte eu morro de vontade de lê-lo e conhecer esse ponto da nossa historia que não é contado.

    http://meumundo-meuestilo.blogspot.com.br/

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  10. Liziane, confesso que não sou de ler livros desse tipo, mas entendo perfeitamente porque você ficou tão emocionada.
    Não deve ser fácil ler esses depoimentos.

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  11. Há muito tempo venho tentando comprar e ler mas nunca tenho oportunidade... sei de partes do conteúdo porque pesquiso a respeito tem alguns anos... deve ser uma leitura chocante, e mesmo sabendo que vou ficar horrorizada, pretendo ler... é de indignar qualquer pessoa que sinta compaixão pelo sofrimento alheio que algo tão terrível assim tenha ocorrido em nosso país... um absurdo...

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  12. Olá,
    Entendo que você deve ter se emocionado bastante com a leitura. Mas não leria, creio que é muito pesado para mim.

    http://euinsisto.com.br

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  13. Pelo seu relato é impossível não se emocionar com a história, diante de cada atitudes que realmente não cabem em nossa cabeça. Gosto de histórias assim, apesar da alta carga de emoção acho super válido ter essa experiência. Brotando ler em breve esse livro, e pesar de já saber que derramarei algumas lágrimas.
    Bjim!
    Tammy

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  14. Pelo seu relato é impossível não se emocionar com a história, diante de cada atitudes que realmente não cabem em nossa cabeça. Gosto de histórias assim, apesar da alta carga de emoção acho super válido ter essa experiência. Brotando ler em breve esse livro, e pesar de já saber que derramarei algumas lágrimas.
    Bjim!
    Tammy

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  15. Oiii Liziane, como vai?
    Menina que livro forte é esse? Confesso que me senti prendida no início ao final da sua resenha, é um livro que realmente gostaria muito de ter na minha estante e já está entre os queridinhos depois dessa sua resenha, que está incrível, mas acho que eu o queria na edição física mesmo.
    Beijinhos

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  16. Uma leitura bem intensa né Lizi, falando a real não é o tipo de livro que escolheria para ler, mas sua resenha deixa a gente curioso. Bjkas

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  17. Oie
    esse livro já estava na minha lista de desejados agora ainda mais depois de tantos elogios e de uma resenha tão sincera, adorei ver por aqui a resenha pois ainda não tinha me deparado com nenhuma

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  18. Caramba! Apesar de parecer "tortura" ler uma obra como essa, faz parte.. a gente precisa saber, sentir... Gostei muito da resenha!
    Bjs

    Blog Coisas da Juu Participe do Top Comentarista: você escolhe o livro

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