02 julho, 2015

Projeto de Leitura José Saramago #2 - As Intermitências da Morte

Título: As Intermitências da Morte
Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Páginas: 304
Ano: 2007
Gênero: Romance/Drama

Sinopse: "No dia seguinte ninguém morreu". Assim começa este novo romance de José Saramago. Colocada a hipótese, o autor desenvolve-a em todas as suas consequências, e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência.

Noite de 31 de dezembro, o mais estranho dos acontecimentos está por chegar, a partir do dia 1º de janeiro a morte entrou em greve.

Não ocorriam mortes, todos os acidentados que eram resgatados ainda com um resquício de vida, poderiam, ou melhor, deveriam estar mortos, mas eram levados ao hospital com vida. O que era mais curioso e mais misterioso é que vários acidentes haviam acontecido, mas nenhuma morte, os médicos não acreditavam como alguns pacientes ainda estavam vivos.

 Toda a mídia estava atrás de informações sobre aquele fenômeno, que foi chamado de “A greve da morte”.


O ministro da área da saúde diz que não há motivos para alardes, embora as mortes não estejam ocorrendo em nenhum lugar do país. O cardeal lembra o ministro de algo que ele não havia pronunciado, sem a morte não existe a ressurreição e sem ela não há a igreja.

As pessoas resolvem mostrar que estão gostando de a morte ter tirado uma folga, todos os moradores estavam colocando a bandeira nacional nas janelas, e ameaçavam os que não faziam tal ação, dizendo que elas tinham se vendido para a morte.

As empresas funerárias não estavam nem um pouco contentes com essa situação. Os hospitais também estão em uma situação difícil, pois os que morriam davam lugar a outros pacientes e agora muitos continuavam ali em situação desesperadora, que já deveriam ter passado para a outra vida. Daqui um tempo não haverá mais lugar para colocar os enfermos, pois os corredores estão lotados, assim o governo resolve que cada hospital deverá fazer uma triagem e os pacientes que estão em situação irreversível deverão ficar aos cuidados da família, mas o hospital vai prover remédios e exames. Outra preocupação era o número de idosos que as casas geriátricas não conseguiam mais recebê-los, e logo eles teriam que fazer como os hospitais. A ideia é a construção de um prédio que seria como um cemitério de vivos e que lá a velhice fosse cuidada como desse, o preocupante é que o numero de idosos vai aumentar cada vez mais e isso implica em ocupar pessoas jovens para cuidá-los e administrar esses locais.

Em meio a todo o caos alguns sempre encontram uma maneira de lucrar, as companhias de seguro de vida também estavam a perigo, já que alguns não queriam mais pagar as apólices, então ficou acertado que deviam pagar até completar 80 anos e com isso receberiam o montante do seguro e quem quisesse poderia renovar o seguro por mais 80 anos.

Mostra bem o envolvimento político e religioso, cada um quer preservar o seu lado.

A morte é algo que faz parte da nossa vida, embora seja dolorosa nós nos acostumamos com a sua presença e quando essa resolve não vir mais as pessoas começam a achar estranho, principalmente os que estão mais mortos do que vivos.

Imaginem a dor de uma família que resolve levar uma criança e o avô até a fronteira para assim encontrar a morte. O ciclo natural da vida é esse, um dia a morte chega e o que fazer se ela não chegar??

Nesses momentos é que vemos que não somos nada, um dia vamos implorar para que a morte venha e vamos aceitá-la de braços abertos.

Em alguns momentos eu me peguei pensando na questão da eutanásia, até que ponto você negaria a morte a alguém que está sofrendo e que você sabe que não vai voltar a ser vivo e feliz como antes? Uma família preferiu levar seus entes até a morte, será que podemos tachar essas pessoas de assassinas?? Será que você no lugar deles iria fazer o mesmo? Será que temos o direito de levar alguém até a morte ou de manter a pessoa ao seu lado, mesmo sabendo que muitas vezes elas já nem ali estão??

Achei a leitura cansativa, parecia que o livro não ia acabar nunca, embora a leitura tenha me feito refletir sobre algumas questões bem polemicas, não me envolveu e me empolgou tanto como aconteceu quando li Ensaio sobre a cegueira. Mesmo assim é impossível não pensar em como o autor é brilhante e consegue fazer o leitor pensar sobre o que está lendo.


20 comentários

  1. Achei legal o livro, mas como você achou uma leitura cansativa, e lendo a sinopse e resenha não fiquei muito interessada para ler o livro, não me despertou curiosidade, então por enquanto não leria, talvez futuramente eu venha a mudar de ideia.

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  2. Eu gostei muito de Ensaio sobre a cegueira, a escrita de José Saramago é ótima, porem essa resenha não meu deixou animada em ler esse livro, não curto leitura cansativa.

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  3. Oi Lizi!!
    Ainda não li nem Ensaio Sobre a Cegueira haha não costumo ler nacionais, mas quero começar a ler por generos assim...
    Achei a sinopse desse livro mais interessante do que Ensaio sobre a Cegueira, já fiquei curioso pra saber porque as pessoas não estão mais morrendo.
    Pena que você achou a leitura cansativa, mesmo assim acho que vou dar uma chance.
    Beijo.

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  4. Gosto bastante dos livros do Saramago, sempre nos trazem uma boa reflexão... Fiquei com vontade de ler esse também!

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  5. Olá Liz, tudo bem?? Li somente um livro do autor, e confesso que já faz bastante tempo...Em relação a este ainda não conhecia, e apesar de não ficar interessada no livro, achei interessante saber um pouco mais sobre ele e sobre sua temática. Beijoo

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  6. O único livro que eu conheço do autor é Ensaio sobre a Cegueira, tenho bastante vontade de ler. Esse tem a sinopse interessante, mas se você falou que é cansativo nem rola.

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  7. Oi Lizie, estas leituras cansativas deixam o livro de um tamanho sem fim...
    Passarei longe!
    Bjs, Rose.

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  8. Oi, Lizie!
    Gostei muito do seu blog e, principalmente, deste post porque sou também uma leitora saramaguiana. Realmente, não somente este livro, mas muitos outros de Saramago mostram a excelência que este autor é. Ótima análise!
    Se me permite dizer, também me senti impactada por Ensaio sobre a cegueira e nehum livro até agora chegou a provocar em mim, o que este provocou. Ele nos inquieta muito e nos faz reconhecer o horror que nós, humanos, somos quando cegos.
    Abraços!

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  9. É Lizi!
    Saramago causa esse efeito em nós: nos faz refletir sobre temas bem polêmicos.
    A questão da morte é uma incógnita e a única certeza que temos na vida, desde que nascemos. Se nos tiram essa premissa, o que fazer?
    Bem questionável...
    “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”(Clarice Lispector)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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  10. Gostei bastante da resenha, deu uma resumida boa na obra e so o post ja me fez pensar no ciclo da vida. A única certeza é q vamos morrer um dia e qdo isso não é mais certeza, perdemos o rumo.
    A eutanásia é polêmico, ainda não tenho opinião sobre o assunto, é difícil demais uma decisão dessa. Uma pena q o livro se tornou cansativo, as vezes não era o momento certo pra le-lo.
    Bjus

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  11. Oi, Lizi.
    Nossa, é uma pena que o livro seja cansativo, porque a premissa é realmente genial. A morte em greve. Quem mais pensaria em algo assim, a não ser Saramago?! Eu ainda não li uma obra sequer dele (eu sei, eu sei, que vergonha). Até um professor meu da faculdade estava me cobrando essa leitura, rs. Mas pretendo começar por Caim.
    Ótima resenha.
    Beijos!

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  12. Brilhante e muito instigante a sinopse. De vez em quando me pego pensando em questões como essa. Com certeza vou ler, espero não achar tão cansativo quanto você.

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  13. Confesso que não sou muito fã dos livros de Saramago, mas esse livro em particular me deixou bastante curiosa, por conter um tema trabalhado de forma tão inusitada e diferente. Acho que a leitura é bastante convidativa, e acredito que isso me deixaria bem à vontade com o título, apesar da escrita dura do autor.

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  14. Gosto muito de fábulas e essa sobre a importância de morrer e como esse simples fato altera a vida de todos que vivem e percebi que o livro tem uma estrutura cíclica, que surge como alegoria ao próprio ciclo da vida: tudo começa, cresce e morre. e assim como vc refletiu à respeito da eutanásia eu também pensei o mesmo , ( engraçado ) Até porque como bem diria Machado de Assis em Quincas Borba "morrer é condição para que nasça o novo" em em especial não achei uma leitura cansativa mais não é bem assim,mais enfim em alguns momento parece sim que a leitura não vai acabar mais é aquela relação livro leitor, tem que entrar direto e ficar no foco da leitura , se aprofundar mesmo , depois que li percebi que "As Intermitências da Morte" foi a principal inspiração para a quarta temporada do seriado Torchwood, a série é um spin-off da britânica Doctor Who. enfim ótimo post , e ótima indicação =D

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  15. Oi Lizi,
    Tenho que criar vergonha e conhecer a escrita do Saramago, mas não pretendo começar por esse livro, apesar da temática ser reflexiva, não gostei de saber que a leitura é arrastada.
    Beijocas ^^

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  16. Eu gosto muito dos livros do Saramago, este me interessa bastante. Nunca tinha lido nenhuma opinião sobre e fiquei um pouco frustrada, porque esperava mais pelo enredo tão bacana.
    Pensar sobre a morte é algo bem difícil pra mim, sou egoísta, acho que não deixaria ninguém partir tão fácil... :(
    Achei bacana este livro pois envolve questões religiosas e políticas tb.
    Quero ler mesmo estando um pouco desanimada depois de ler a resenha, visto que não curto livros arrastados, gosto de leituras mais dinâmicas.

    Bjs

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  17. Adoro o Saramago, mesmo tendo que concordar que às vezes ele pode se tornar um pouco cansativo. Acho que é pelo estilo adotado nas narrativas dele, não sei. Ainda não li esse e o tema é interessante, ainda mais por levar o leitor a refletir. Vou colocar na minha lista.

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  18. Oi Lizi.
    Amei o livro, quero lê-lo, conforme ia descendo a resenha, ficava passando um filme do que estava sendo narrado por você. Para mim pareceu bem curioso, afinal, nós mortais que se pudessemos ter vida eterna a maioria não exitaria em agarrá-la com "unhas e dentes"; autanasia é um assunto bem complexo, envolve muito mais do que a vida daquele doente e não cabe nós realmente julgar.

    Bjsss

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  19. Nunca li um livro de Jose Saramago, sempre pensei que não ia gostar e não prenderia atenção. Mais a história desse livro me surpreendeu, gostei muito do tema abordado e percebi que ia prender a minha atenção na leitura rapidinho.

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  20. Nunca li nada do Saramago, mas preciso logo começar e por esse!
    Porque gente, que livro, hein?!
    Mas pensando por esse lado, tá certo, a gente tem medo da morte, não quer perder ninguém, mas quem quer viver eternamente?? Chega uma hora que cansa, que não aguenta mais se divertir como antes, então, o que seria melhor??
    Fica para pensar né...
    bjos

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