11 setembro, 2017

Resenha - O Espetáculo Mais Triste da Terra: O Incêndio do Gran Circo Norte-Americano

Título: O Espetáculo Mais Triste da Terra: O Incêndio do Gran Circo Norte-Americano
Autor: Mauro Ventura
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 320
Ano: 2011
Gênero: Biografia/História
Sinopse: No dia 17 de dezembro de 1961 acontecia, em Niterói, a maior tragédia circense da história e o pior incêndio com vítimas do Brasil. Mais de 3 mil espectadores, a maioria crianças, lotavam a matinê do Gran Circo Norte-Americano, anunciado como o mais famoso da América Latina, quando a trapezista Antonietta Stevanovich deu o alerta de "fogo!". Em menos de dez minutos, as chamas devoraram a lona, justamente no momento em que o principal hospital da região se encontrava fechado por falta de condições. O prefeito da cidade estabeleceu em 503 o número oficial de mortos, mas a contabilidade real nunca será conhecida. Cinquenta anos depois, o jornalista Mauro Ventura reconstitui o episódio em 'O Espetáculo Mais Triste da Terra'. Curto-circuito ou crime? Era a pergunta que todos se faziam. A polícia logo descobriu um suspeito, mas até que ponto ele era o verdadeiro culpado ou o bode expiatório ideal para dar satisfações rápidas à sociedade e encobrir possíveis falhas das autoridades e do dono do circo? Quatro meses depois da renúncia do presidente Jânio Quadros, o país chegava novamente às manchetes internacionais. O papa mandou celebrar uma missa pelas vítimas e enviou um cheque para ajudar no tratamento dos sobreviventes. O impacto da tragédia em Niterói, então capital do estado do Rio de Janeiro, foi tamanho que o assunto permanece encoberto até hoje.
O dia 17 de dezembro de 1961, um domingo, ficou marcado na história devido a tragédia ocorrida no Gran Circo Norte-Americano, a espetáculo estava quase terminando quando o alerta de fogo foi dado e o tumulto se iniciou, a maior parte da plateia era de crianças e isso é que deixou essa tragédia mais triste. Em meio ao pânico as pessoas queriam sair dali depressa, muita se separaram, muitos foram pisoteados, alguns encontraram uma saída de forma um tanto inusitada. As histórias narradas nesse livro são impressionantes e marcantes, como a da menina que perdeu a joia que tinha ganhado da mãe e voltou para dentro do circo para procurar, pois a mãe disse que ela apanharia se perdesse a joia e dali não saiu com vida.

O livro nos mostra o quanto os médicos, enfermeiros e todos os profissionais da área da saúde, se dedicaram a cuidar de todos os feridos, alguns em estado extremamente grave e com mais de 80% do corpo queimado.  Durante a leitura vamos reconhecer alguns nomes que se tornaram pessoas famosas, como o Dr. Ivo Pitanguy e Astolfo.
Entre a garotada que jogou bola naquele campo estavam o futuro maestro Eduardo Lages e o adolescente Astolfo Barroso Pinto. Mas a participação de Astolfo era eventual. Aventurava-se quando se cansava de seu lado feminino. — Para o jogo que eu quero entrar — dizia o jovem que mais tarde viraria a transformista Rogéria.
O autor apresenta os fatos ocorridos de forma não somente informativa, mas investigativa e é isso que faz a leitura se tornar tão importante. Mas o que é mais marcante mesmo são as histórias por traz dessa tragédia, vamos saber como algumas pessoas que deveriam estar no circo, por um detalhe não foram ao espetáculo e acabaram se salvando e outros que nem imaginavam ir, acabaram fazendo parte deste trágico espetáculo. 
No Instituto Médico Legal, o pediatra Israel Figueiredo identificou o corpo de uma menina pela calcinha e, desesperado, avisou um colega, José Hermínio Guasti, chefe do setor médico do Antonio Pedro: — Guasti, esta é a minha filha. Rita de Cássia Figueiredo, de quatro anos, havia sido levada ao circo pela tia e pela babá, de quinze anos, que também morreu. Mas eram tantas as vítimas que Israel não podia se permitir ficar junto à menina morta e logo seguiu para o hospital. Transformara a dor em ação, atendendo um ferido atrás do outro.
As histórias narradas pelos sobreviventes são chocantes e tristes, pois muitos deles perderam toda a família, alguns os médicos nem acreditavam que sobreviveriam. No decorrer da leitura vamos ver que um homem confessou ter colocado fogo por vingança na lona do circo, mas muitos não acreditam que ele seja realmente o autor dessa tragédia, muitos ainda acreditam que foi um acidente, que tudo aconteceu devido à instalação elétrica muito precária.

Eu sei que muitas pessoas não gostam de leituras desse gênero, principalmente quando elas narram uma tragédia tão grande, mas eu recomendo a leitura, pois ela mostra o quanto os seres humanos podem se superar em momentos como esse, vamos conhecer pessoas extraordinárias, com histórias que fazem a gente refletir, como o senhor que ficou conhecido como o Profeta Gentileza, vamos ver como as pessoas se tornam voluntárias e fazem qualquer coisa para ajudar, vamos ver médicos superar a dor da perda e fazer de tudo para salvar vidas.
Lenir Ferreira de Queiroz Siqueira
Apesar de tudo o que passou, ela acha que existem dois caminhos: o da lamentação e o do sorriso. Optou pelo segundo.
— Tenho que falar bobagem para os outros rirem — diz Lenir, que perdeu o marido, Wilson, e os filhos, Regina e Roberto, na tragédia.
Maria José do Nascimento Vasconcelos (Zezé)
Após tomar até seis injeções por dia para combater infecções, a menina da cidade de Rio Bonito que escapou correndo atrás da elefanta Semba carregaria pelo resto da vida o trauma das agulhas, a ponto de não conseguir fazer acupuntura. Nunca fez uma plástica, apesar das cicatrizes. Não teve coragem de operar. Depois de sair do hospital, costumava desmaiar.
Um médico chamou minha mãe e disse: “Olha, sua filha vai ter um problema para toda a vida. Ela passou a sofrer de uma doença chamada epilepsia adquirida”.
A própria professora chamava minha mãe e dizia: “Sua filha desmaiou. Não sei se isso pega. As crianças estão constrangidas, as mães estão fazendo pressão, a senhora tem que entender”. Fomos punidos primeiro pela tragédia, depois pelo preconceito e pelo abandono. Foi cada um por si — diz ela, que superou os problemas e há vinte anos não tem mais desmaios. Mas, como muitos sobreviventes, nunca voltou a um circo.
Luiz Gomes da Silva
Apesar da imobilidade dos dedos da mão esquerda, tornou-se um exímio fotógrafo, por sugestão do cirurgião plástico Jacy Conti Alvarenga. Trabalhou, entre outros lugares, na Secretaria de Educação do recém-criado estado do Rio. Apresentou-se ao jornalista Orivaldo Perin, então assessor de comunicação da secretária Myrthes de Luca Wenzel, autodenominando-se, como de hábito, Luiz Churrasquinho. Constrangido, Perin disse: — Você aqui é Luiz ou Luizinho. E encerrou com a história do apelido. Mais tarde, Luiz foi da assessoria de imprensa de Leonel Brizola nas duas administrações. O governador o considerava um grande fotógrafo. Após perguntar a ele a razão das queimaduras, Brizola passou a só chamá-lo de Pinga-Fogo. Luiz não se importava. O apelido não pegou. O nome Luizinho já estava consolidado.

18 comentários

  1. esse livro parece ser mt triste, acho q eu choraria lendo só pelo fato de ver essas pessoas sofrendo nessa tragedia

    ResponderExcluir
  2. QUE LIVRO MARAVILHOSO! SÓ PELA SUA RESENHA QUERO SUPER LER! Essa sinopse me cativou demais!!! Obrigada pela dica e parabéns ;)

    ResponderExcluir
  3. Oi Lizi,
    Tudo?
    Então confesso que esse não faz bem meu tipo de leitura costuma ler coisas mais leves, mas fiquei curiosa com a sua resenha que está bem feita parabéns. Parece uma história bem intrigante que nos faz pensar em como os seres humanos reagem a certas catastrofes. Interessante a dica vou anotar.
    Beijos
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa
    http://leiturakriativa.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  4. Poxa! Já me interessei por se tratar de algo histórico embora trágico. E bem sei que não é nada fácil ler sobre os sofrimentos de outros , mas com certeza algo de bom tiramos disso. Anotado
    Resenha excelente, parabéns!

    ResponderExcluir
  5. Oi Lizi tudo bem?
    Com toda certeza eu adoraria ler esse livro menina, parece ser extremamente triste e envolvente, só de saber que é algo histórico fiquei interessada e curiosa com a leitura, dica anotada e gostei de saber sua opinião, ainda mais que é cheio de sofrimentos.
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  6. Olá,

    Não conhecia o livro e nem esse fato do circo ter queimado, mas já fiquei triste com a tragédia. Imagina que o livro traga reflexões muito profundas e já me compadeci com a história desse menina que foi buscar uma joia em meio a incêndio. Realmente obras assim nos fazem refletir, nos ajudam a amadurecer e a entender o papel importante que os médicos e demais funcionários da saúde desempenham. Adorei a resenha!

    Abraços,
    Cá Entre Nós

    ResponderExcluir
  7. Oi Lizie, que tragédia! Fiquei com o coração apertado aqui na resenha e já imagino ao longo da leitura. Será mesmo que não foi o cara querendo se vingar??? Afinal tem louco para tudo.
    Bjs, Rose

    ResponderExcluir
  8. Hey, tudo bem?
    Ainda não conhecia esse título, mas fiquei muito contente por conhecer, pois adoro o gênero e adoro ler sobre tragédias, justamente, por vermos como o ser humano pode se superar, como você bem pontuou.
    Esses seres humanos parecem anjos e espero ter a oportunidade de me conectar a eles, como você parece ter se conectado.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

    ResponderExcluir
  9. Oi, tudo bem?
    Eu já tinha ouvido falar dessa tragédia, mas não conhecia o livro. Confesso que não tenho interesse em ler, por considerar uma leitura bastante depressiva.
    Fico feliz que você tenha aproveitado a leitura, pois mesmo em tragédias como essa é possível extrair reflexões e ensinamentos. No entanto, é o tipo de livro com o qual não consigo lidar, por toda a tristeza que vem junto.
    De qualquer forma, adorei sua resenha!
    Beijos!

    ResponderExcluir
  10. Liziane, com certeza é um livro muito forte.
    Não é nem de perto o tipo de livro que leria, mas com certeza vale a leitura para quem gosta de leitura de fatos reais.

    ResponderExcluir
  11. História bem triste mesmo, mas concordo com você. É sempre bom saber dos acontecimentos trágicos e as histórias de superações dos sobrevivente das mesmas.
    Adorei sua resenha. Vou anotar a dica com certeza.

    Beijinhos!

    #Ana Souza
    https://literakaos.wordpress.com

    ResponderExcluir
  12. Não conhecia esse acidente, acredita? Parece uma história bem triste considerando que é real. Não sei se leris no momento.
    www.belapsicose.com

    ResponderExcluir
  13. Oii, tudo bem?
    Eu ainda não conhecia esse livro e apesar de parecer muito triste, eu concordo com você que é bom o ler para ver o quão forte o ser humano pode ser e a capacidade dele superar as tragedias e os desafios.

    ResponderExcluir
  14. Oie
    muito interessante o livro, eu realmente não sou fã do gênero mas sem duvidas o livro me chamou atenção pois ao mesmo tempo curto ler coisas fortes, belas dica e resenha

    beijos
    http://www.prismaliterario.com.br/

    ResponderExcluir
  15. Olá Lizi, eu de um tempo pra cá comecei a gostar bastante desses livros de jornalismo investigativo e esse sem duvida parece estar muito bom *-* Adorei a dica.

    ResponderExcluir
  16. Olá,
    Não me lembro de ter feito uma leitura do tipo dentre as obras que já li.
    Mas tenho certeza que esse livro mexeria demais comigo por saber que tudo foi real e que é um relato tão completo de todas as ações dos profissionais da saúde para ajudar aos feridos.
    Anotei a dica para no futuro tentar fazer a leitura.

    LEITURA DESCONTROLADA

    ResponderExcluir
  17. Gosto muito de leituras mais pesadas, que nos fazem refletir.
    Mesmo sendo uma leitura que poderia chocar, ou fazer chorar, acho que leituras reflexivas e mais pesadas valem a muito a pena em momentos certos.
    Ótima dica, e resenha.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  18. Oi. o título do livro é bem marcante e a capa bonita. Eu não tinha conhecimento dessa tragédia, que triste, acho que eu ia chorar um mundo lendo esse livro, mesmo assim, considero bem necessário. ‘Eu sei que muitas pessoas não gostam de leituras desse gênero’ gosto de livros que me melhorem enquanto ser humano, que me tirem da zona de conforto, que me tornem um ser crítico, logo, não é gênero para mim, mas conteúdo e O Espetáculo Mais Triste da Terra parece ser algo que necessito ler.

    ResponderExcluir

Olá!!!
Obrigada pela visita.
Sua opinião é muito importante para mim.
Deixe o link do seu blog ou site para eu retribuir a visita.
Beijos Lizi