24 julho, 2015

Literatura em Movimento - Tema de Julho

Olá pessoal!!
Mais uma postagem do Projeto Literatura em Movimento, esse mês o tema é livre e eu resolvi me abrir e contar um pouco sobre minha infância.


O tema desse mês é aberto e mesmo assim é difícil saber sobre o que escrever, tem tanta coisa acontecendo no mundo que deixa muita gente indignada, esses dias ainda estava falando com o marido que parece até que o fim do mundo está chegando é tanta violência, problemas relacionados a saúde pública, a educação é cada vez menos priorizada, as pessoas parece que perderam o senso de civilidade é cada um por si e salve-se quem puder. Mas entre todos esses problemas que estamos convivendo no nosso dia a dia eu vou falar de algo que marcou bastante minha vida que é o bullying.

Há pouco tempo vi uma postagem no facebook de outra blogueira que é mãe e estava indignada com a atitude de algumas coleguinhas de sua filha e quando vi que ela estava ali protegendo e defendendo a filha eu pensei como eu queria que minha mãe fosse assim e tivesse feito algo por mim.
Quando era criança estudava em uma escola de freiras, mas aquilo ali para mim não era uma escola e sim um local que ia para ser torturada psicologicamente. Chorava muito cada vez que tinha que ir para a escola, a minha mãe não entendia o porquê de eu fazer tanto escândalo sempre, muitas vezes ficava um tempo na escola e logo pedia que chamassem meu pai para me buscar, pois sempre sentia dores de barriga, chorava, suava e ninguém entendia o por quê.
Durante as aulas éramos obrigados a sentar com um colega do lado e eu sempre pegava aquele colega que passava a aula me beliscando, puxando meu cabelo, me chamando de feia. Sempre tive dificuldade de fazer amizades de me comunicar, sempre tinha a impressão de que as pessoas queriam ficar o mais longe de mim e minha situação piorava ainda mais quando na hora do recreio resolvia procurar minha irmã que é 2 anos mais velha que eu, mas ela simplesmente me escorraçava de perto dela, dizia que tinha vergonha de mim, que eu não sabia me arrumar e que as amigas dela não gostavam de mim, estão a maior parte da minha vida infantil escolar eu passava sentada em um banco sozinha.
Até hoje me pergunto como minha mãe não percebeu que tinha algo errado acontecendo, porque ela sempre achava que eu é que devia fazer algo para os colegas me tratarem mal, resumindo para ela eu era a culpada de tudo.
Teve um dia que eu não queria ir de jeito nenhum à aula fui de casa até a escola chorando e ela me fez descer do carro e me deixou na calçada em frente à escola chorando sozinha, lembro que foram umas meninas mais velhas que me levaram para dentro da escola.
Minha irmã era má comigo principalmente quando já éramos adolescentes e quando eu dizia para ela que achava um garoto bonitinho, adivinhem o que ela fazia? Ela dava um jeito de ficar com o menino na minha frente e depois ainda me dizia “tu é horrorosa nunca que ele ia te querer”.

O tempo passou...eu entrei para a universidade, fiz agronomia na UFSM e minha melhor amiga fazia Educação Especial e um dia ela conversando com um professor sobre fobia escolar ela começou a ligar os sintomas a tudo que eu contava para ela, então procurei o professor e foi aí que descobri que eu tenho fobia escolar, digo tenho porque é algo que carrego até hoje comigo, embora eu tenha uma certa dificuldade em passar muito tempo dentro de uma sala de aula, eu consegui me formar, fiz especialização, mestrado e doutorado. Confesso que tinha dias que me sentia sufocada dentro da sala de aula, tinha que pegar minhas coisas e ir embora, mas pelo menos eu agora tinha essa opção, já que quando criança era obrigada a encarar a situação.

Até hoje eu sou difícil de fazer amizades, pois tenho sempre a impressão que as pessoas vão pensar, o que ela quer puxando papo, eu nem a conheço, sinto como se estivesse sempre incomodando, e sei que muitas pessoas pensam que eu sou chata, que eu não me comunico muito principalmente nesse meio virtual, as vezes fico louca para chamar uma pessoa no face por exemplo e falar algo, mas ai fico pensando o que ela vai pensar de eu dizer isso, por isso estou sempre na minha.

Depois de tudo que sofri na minha infância, eu sempre disse que não queria ter filhos e não quero mesmo, pois meu maior medo é colocar uma criança no mundo e ela passar pelo que eu passei. Quando conheci meu marido a primeira coisa que eu disse para ele é que se ele tava procurando alguém para ter filhos eu era a pessoa errada, incrível ele disse que não se importava com isso, agora somo pais de cachorro e estamos realizados.

Gente eu vou parando por aqui, já me debulhei em lágrimas e não quero mais chorar por coisas que passaram, vou lá brincar com meus dogs que são as coisas mais preciosas que eu tenho.

Beijão a todos!!

14 comentários

  1. Nossa Lizi, realmente você teve uma infância muitoooo difícil.
    Sou solidária a você totalmente.
    Em minha infância sofria por ser a clássica garota acima do peso com cabelo ruim, porm devo admitir que não sofri tanto quanto você; hoje essa "indisposição" das pessoas é bem menor, eu Graças a DEUS aprendi a lidar com isso e muitas vezes acabo deixando a pessoa sem graça; Enfim, entendo o que você sentiu. Espero sinceramente que as pessoas comecem a enxergar o mal que elas fazem cometendo tal ato.

    Bjsss

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  2. Nossa Lizie, chocada com seu depoimento. Não sabia deste lance de fobia escolar. Eu era bem tímida e demorava um pouco para fazer amizades, e com as constantes mudanças de escola por conta da profissão do meu pai, isso não ajudava muito. Mas meus problemas eram por conta da timidez mesmo. E quando eu tinha algum problema com o hoje conhecido bullying, minha irmã, que é mais nova, me defendia,e quando chagava em casa e minha mãe ficava sabendo, era a vez dela.Então cresci normalmente, sem traumas. Uma pena isso tudo.
    Bjs, Rose.

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  3. Realmente tem muitos acontecimentos no mundo que nos deixam indignados, sua infância foi muito difícil mesmo, o tema do bullying hoje em dia é muito comentado e geralmente nas escolas se tem palestras e os professores estão sempre observando os comportamentos dos alunos, pelo menos na minha escola era assim, eu ainda bem nunca passei por isso, pois sou muito sentimental e com certeza não saberia lidar com a situação e muito menos me defender, mas eu não sabia sobre fobia escolar, que pena que sua infância foi marcada por esse problema, mas hoje você é uma pessoa bem sucedida e tem alguém que está do seu lado e tem seus dogs.

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  4. Oi Liz, Fico feliz em saber que apesar desse sofrimento passado você venceu e tornou-se a pessoa que é. Formou -se, Casou-se.... Esse mundo anda de cabeça para baixo.
    Dar um testemunho como esse enobrece o teu SER.
    Um Abraço carinhoso.
    ♥♥♥ Amantes de Jane Austen ♥♥♥ | Amantes de Jane Austen no FB

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  5. Nossa minha infância escolar num foi nada fácil também, eu era a única criança deficiente físico numa escola que não era adaptada, nas séries iniciais minha mãe tinha que todo dia subi as escadas comigo nos braços, só depois quando fiquei maior e minha mãe falou que ia me tira da escola pois ela não me aguentava mais é que uma professora foi conversar com a diretora e explicar o absurdo que seria a escola perder a sua melhor aluna porque eles não queria mudar a sua série para o primeiro andar, com isso se eu já sofria bullying por ser a "queridinha dos professores" ai mesmo é que a coisa ficou feia pro meu lado.
    Graças a Deus só fiquei nesse colégio até a oitava série, o segundo grau fiz num escolha boa.

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  6. Ai Lizi!
    Que situação, ainda mais com a família que não percebe os sintomas que algo está acontecendo...
    Passei por algo parecido, mas no meu caso, era meu irmão o mais velho e vivia tirando sarro de mim na escola com os amigos dele e quando contava em casa, minha mãe só ficava do lado dele, porque era o queridinho dela...Só que no meu caso, sempre tive facilidade de fazer amizades e superei tudo, porque sabia que não era nada do que ele falava, mas que doeu, doeu...
    No meu caso, nunca pude ter filhos biológicos, mas até queria. Mas tive oportunidade de criar os filhos dos meus companheiros (fui casada uma primeira vez e criei o filho dele) e agora nesse segundo casamento, criei uma parte das filhas do esposo, elas moraram conosco por 10 anos e agora casaram e tem suas vidas, mas vivem aqui. E tivemos filhotinhos também, nossas cadelinhas, são maravilhosas!
    O negócio é deixar as mágoas passadas para traz e tocar a vida com felicidade!
    “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.”(Friedrich Nietzsche)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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  7. Nossa, que situação. Quando eu era menor também sofri muito bullying por ser gordinha. Eu era bem alegre antigamente, sabe? conversava com todo mundo, tentava sempre me encaixar, mas sempre via as pessoas falando mal de mim pelas costas e às vezes até mesmo na minha frente. Várias vezes riram de mim com aquelas piadinhas de "gorda, baleia, saco de areia", muitas pessoas se afastavam de mim como se eu fosse algum animal. Fui ficando cada vez mais envergonhada por causa disso, minha autoestima foi ficando cada vez mais baixa, eu chorava muito também. Só tinha vontade de me esconder em casa. Depois de uns anos cansei dessa situação, parei de me importar com os outros e a ficar na minha. Até hoje se alguém não vier falar comigo, eu também não vou falar com a pessoa. Prefiro ficar sozinha. Mas passei a me cuidar, emagreci e minha autoestima melhorou muito. Como consequência, até voltei a me relacionar melhor com as pessoas. Mas ainda sou bastante tímida e insegura. Não sei se um dia vou voltar a ser aquela pessoa extrovertida que eu era, tenho bastante medo de sofrer tudo de novo.

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  8. Essa situação é complicadíssima mesma, ainda mais para crianças, que são as maiores vítimas desse tipo de agressão. E o pior é que isso gera consequências na vida adulta, podendo ocasionar traumas irreversíveis. Uma pena que você tenha enfrentado tudo isso quando pequena, mas ainda bem que pode contar com o apoio do seu marido e cachorros, já que isso é mais do que muita gente tem. Lhe desejo muito sucesso sempre. Você merece.
    Beijos.

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  9. Fiquei perplexa lendo sue depoimento. Não sei como é sua relação com mãe e irmã, mas fiquei com raiva delas (desculpe).
    Acho que vc não teria essa fobia se elas tivessem sido presentes e atenciosas!
    Bem, eu fiquei orgulhosa tb, afinal vc é doutora (em que? fiquei curiosa).
    Eu não me importo de vc comentar algo no meu face (https://www.facebook.com/ednavalessa), até porque não tenho muito amigos, sou um pouco tímida e tenho dificuldade em fazer amizades.
    Desejo a vc muitas alegrias!! E seja mais feliz com seu marido e filhinhos animais ♥

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  10. Oh Lizi, eu te entendo perfeitamente!
    Eu também passei por bullying em TODOS os meus anos escolares, desde cedo apanhava quase todo dia, tiravam sarro porque eu era gordinha, depois do cabelo enrolado, dos óculos, enfim, todo ano era a mesma coisa. Até da minha voz zoavam. Parece bobeira né? Mas não é. Porque era isso todo dia. Teve uma vez quee foi apresentação não lembro de que, e a menina que me dava tapas na cabeça chegou perto de mim e eu implorei pedindo por favor pra ela não me bater que minha mãe ia ver e brigar comigo.
    Minha mãe me defendeu umas duas vezes (fazendo escândalo na escola. E achei ótimo, me orgulho dela por isso kk), mas na maioria das vezes, ela mandava eu bater de volta, gritar bastante pra alguém me socorrer e morder, arranhar a pessoa. Eu tentava me defender sim, mas não usava de violência, até porque nem forca tinah kkkkkkkk
    Mas teve duas coisas que foi a gota dágua: no primeiro ano do ensino médio, uns meninos sempre me empurravam e um dia juntou 3 em cima de mim mais uma rodinha, foi horrível, dei uns tapas também, e chorei horrores, chamamos a polícia e minha mãe e minha vó foram lá e se negaram a dar queixa. NUNCA me senti tào humilhada. Eu queria sim denunciar eles por bullying, até porque não faziam só isso comigo, foi horrível demais, demorei pra esquecer e perdoar, no começo desde ano, já faz 5 anos que aconteceu e só agora que percebo que esqueci. Mas tinha uma vergonha de não ter sido defendida por ninguém. Minha família mandou eu esquecer, não fizeram nada pra eles pagarem e o pior foi que os meninos disseram que me bateram porque achavam massa.
    Terrível ne? Só Deus pra ajudar mesmo.
    E o último foi na faculdade, eu parei no segundo ano, nãoa gostei muito do curso, confesso, mas sai mais pelo bullying, como eu não tinha experiencia, fui fazer letras inglês, e não falava fluentemente, por isso aqueles vagabundos da minha sala me excluíram de tudo, jogavam na minha cara que eu não tinha proficiência como eles, falavam que eu só iria atrapalha-los. Enfim, foram dois anos sozinha, sem ninguém mesmo, sendo tratada de uma maneira nojenta.
    Eu até poderia ter passado por cima nos mais 2 anos que faltava, mas por fim, eu realmente não curtia o curso e decidi parar, mas aquilo ainda me machuca lembrar. Foram tantas humilhações, dá até vergonha de contar. Quando me perguntam porque parei a facul, invento qualquer coisa só para não falar disso.
    Enfim, desculpe o textão, mas acho que faz bem nos abrirmos de vez em quando, e queria dizer que estamos aqui com vc, sei bem o que vc passou, não tem palavras para tirar a dor, mas uma coisa é certa: essas pessoas que fazem isso é muito, muito mesmo doentes e imundas, tentam dizem que não somos nada, que somos inferiores, mas quem é na verdade, é eles!
    Hoje eu aprendi isso, e depois de muita dor aprendi a me defender mais e nào me importar tanto com o que falam. Qualquer coisa, mando tomar naquele lugar mesmo!
    Não tenho mais raiva da minha aparência nem do meu jeito de ser, como tinha antes, quando acreditava neles.
    Hoje eu sou feliz comigo mesma, apesar dos traumas.
    Bjooos e quando quiser conversar, mesmo que seja sobre esses vagabundos da infância, to aqui!! kkk

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  11. Olha, eu acho que o bulliyng é sempre um assunto a ser trabalhado, e te parabenizo pela escolha dele. Além de ser atual, é extremamente importante que se fale sobre o tema, pois o silêncio também é uma forma de compactuar com as agressões. Já sofri com isso quando era pequena também, por não estar exatamente dentro do padrão de beleza das demais. Acho muito injusto julgarmos alguém por uma característica diferente das nossas, pois são esses elementos distintos que tornam o nosso mundo ainda mais especial. Acredito que todos esses atos de violência verbal ou física devem ser coibidos e punidos, e acho válida tua decisão de compartilhar tua experiência.

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  12. Li!! To impressionada com a sua infancia, infelizmente isso ainda acontece e to chocada pela sua mae nao ter notado. Sua irma era jovem e sabemos como os jovens sao mto influenciaveis pelas pessoas, mas ela ficar com alguem q vc achava bonito ja era maldade.
    Vejo que apesar de tudo vc coleciona vitorias e nao se deixou abalar. Seu blog é um grande sucesso, mestre, doutora e mais titulos que so vem a somar essa grande pessoa.
    Eu era mtooo calada e as pessoas me achavam fria demais, mas na verdade era medo, timidez, e desespero sobre oq vao achar de mim. Eu mudei mto e nem sei como, acho q fui conhecendo gente bacana que me entendem e tem paciencia comigo.
    Seu marido está de parabens, te aceitou como é e vejo a felicidade em vc.
    Tb sou mãe de cachorros e amooooooooooooo!!!

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  13. Oi!
    Passei por uns maus bocados na infância, por usar óculos de grau, botas ortopédicas, ser muito alta e estudiosa. Mas o tempo me ensinou a revidar do melhor jeito que eu podia. Hoje, ainda uso óculos, ainda sou estrábica e fiquei surda. Continuo muito nerd. Mas, sou tão extrovertida que as pessoas se sentem muito à vontade e agem mais naturalmente. Vai de cada um. Seu texto foi muito bom! Parabéns!
    Até + ver! Nu.
    As 1001 Nuccias | Curtiu?

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  14. Oi!
    Eu te entendo completamente, pois eu também era quietinha e apanhava muito. Chegaram a jogar meu lanche no chão e me trancar no banheiro. Ao menos até eu resolver revidar e ninguém mais se meter comigo. Claro que isso criou um outro problema, pois minha mãe foi chamada umas 2 ou 3 vezes no colégio, mudei de escola 4 ou 5 vezes...a sorte é que eu era uma aluna exemplar, então os diretores, professores e minha mãe sempre ficavam do meu lado. Mas chegou ao absurdo de eu ir chorar uma vez para o prof. de educação física quando sofri um pequeno acidente e ele me empurrar no chão pra não sujá-lo de sangue.
    Sabe, tem todos os tipos de pessoas por aí, e realmente sua mãe e sua irmã estavam muito erradas em te tratar assim, mas a mágoa que você carrega dentro do coração só faz mal a você mesma. Procure ajuda psicológica e tente se libertar, você se sentirá renovada!
    Boa sorte!
    www.historiamuda.com.br

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