Resenha - Um gosto de quero mais

Título: Um gosto de quero mais
Autora: Sonia Salerno Forjaz
Editora: FTD
Páginas: 157
Ano:2001
Gênero: Juvenil

Sinopse: A história de Darlene e Beto, é um bom início para introduzir a questão da gravidez na adolescência de maneira a que os alunos possam aprofundar o debate desse tema que não pode mais ficar fora do universo escolar. Ficção para adolescentes.

O livro fala sobre um tema delicado, mas que faz parte do dia a dia e que vem acontecendo cada vez mais. A questão da gravidez na adolescência é um tema bastante discutido e acredito que a melhor maneira de tentar prevenir isso é os pais serem um pouco mais abertos a conversar com seus filhos.

Em “Um gosto de quero mais” vamos conhecer Cely que mora com seus pais e sua avó. Assim como toda adolescente ela quer ter liberdade e poder namorar sem precisar ser escondido como as suas amigas da escola fazem. Cely é bastante fechada, costuma escrever o que senti sempre em uma folha de papel, assim ela não irá ser questionada nem contrariada com relação aos seus sentimentos. Cely tem uma amiga que é a Darlene, ela é mais agitada e está namorando um garoto da escola escondido, mas não por muito tempo e podem apostar o namoro vai dar frutos.

No livro podemos ver a diferença entre três gerações: a avó que casou muito nova e só se preocupava em cuidar da casa e dos filhos, criada com uma educação rígida; a mãe de Cely uma mulher já de cabeça mais aberta, conversa com a sua filha, tem que cuidar não só da casa como trabalha dando aula de biologia e ajudando um professor da universidade e Cely a terceira geração, que quer ter liberdade para fazer tudo o que quiser.

O contraste que o livro mostra com relação aos pais é bem realista, Darlene diz que gosta muito dos pais de Cely, eles conversam de uma maneira mais aberta, já os pais de Darlene são daqueles que não conversam, pensam que nunca vai acontecer com a filha deles, são pais protetores demais. Logo que os pais de Darlene descobrem que ela está grávida, contam para os pais do garoto e decidem que ela deve fazer um aborto. Os pais decidem por ela, não deixam ela decidir o que quer fazer, afinal agora a coisa já tava feita né. E aí entra outro assunto delicado que é a questão do aborto, algumas pessoas são a favor e outras são contra, essa é uma discussão que não vou abrir aqui.

- A gente cria os filhos - disse ele - e faz castelos pra eles. Acredita mesmo que o mundo é cruel, mas não será com eles. As pessoas podem ser más, mas não serão com eles. Existe dor, sofrimento... não pra eles. A gente sonha com uma vida pra eles. Eles não querem essa vida. Então pedem ajuda... Daí, nós, os grandes pais, o que fazemos? Somos prepotentes e decidimos por eles. Decidimos o destino de nossos filhos e dos filhos deles... Eles fugiram, Walter, com medo de nós... somos os seus carrascos. Ah, meu Deus! Eu pensei a noite toda se esta seria a melhor solução. Eu fui tão duro... minha filha fugiu...

A curiosidade das meninas em saber como é namorar, beijar e transar é natural da idade, mas o que é preciso são os pais terem uma conversa franca com elas, mostrar até que ponto elas devem ir, quais consequências de um ato impensado. Tá bem eu até entendo que quando tu lá naquele amasso é difícil mandar parar rsrsrs, eu digo isso porque passei por essa fase, e meus pais não conversavam comigo e minha irmã, eu tinha um dom para afastar os meninos de mim, eu tinha medo de que acontece algo que eu ia me arrepender, meus pais nesse assunto eram 100% ausentes e eu até entendo que isso é por causa da criação que eles tiveram, eu descobri esse mundo através da conversa com amigas, revistas e eu vi de perto essa questão, pois minha irmã ficou grávida e o mundo dela virou de cabeça para baixo.

Muitas meninas acabam perdendo a virgindade para serem aceitas no meio que vivem, muitas vezes por elas serem virgens servem de chacota para as outras e tá aí um ponto que devemos conversar com elas, se tu não te sente preparada não vai além, espera tudo tem seu tempo, lembro que muitas conhecidas na cidade onde eu morava apareceram grávidas e eu dizia, “todo mundo agora sabe que e a fulana perdeu a virgindade, tá namorando a pouco tempo e já ta grávida, afff não sabem se proteger.”

Eu nesse assunto tenho uma mentalidade bem careta, enquanto as meninas iam para as festas a procura de um menino para ficar eu ia era para me acabar dançando e me divertir rsrsrsrsrs. Posso dizer com orgulho que passei maior parte da minha adolescência me divertindo e tudo que eu não queria era um menino grudado em mim e da turma de amigos eu era a única virgem e não tava nem aí para a opinião dos outros e também não ficava com amigos achava ridículo aquela coisa de todas as meninas do grupo já ter passado pelas mãos de todos os meninos. Resumindo eu era chata com relação a isso, mas me divertia.

Eu gostei do livro porque ele me fez reviver um pouco da minha adolescência que já faz um bom tempo que ficou para trás, indico a leitura para todas as meninas adolescentes e também para os pais saberem que eles podem conversar abertamente com seus filhos, dar liberdade, mas sempre com certo limite.