Resenha - Batendo à porta do céu

Título: Batendo à porta do céu
Autor: Jordi Sierra i Fabra
Editora: Biruta
Páginas: 312
Ano: 2014
Gênero: Juvenil

Sinopse: Uma jovem estudante de medicina decide abrir mão de seu conforto, de sua família e de seu namorado para trabalhar como voluntária em um hospital na Índia, durante as suas férias de verão. Em sua jornada, Sílvia conhece as peculiaridades de um país muito diferente do seu, convive com a pobreza e conhece pessoas que se tornarão muito especiais e importantes em sua vida, como o voluntário Leo, a médica Elisabet Roca, as pequenas Viji e Narayan e o misterioso Mahendra. Inspirado em um caso trágico de uma voluntária espanhola, Batendo à Porta do céu expõe as reflexões da jovem Sílvia ao se deparar com a precariedade da infraestrutura indiana, as perdas, o medo e si própria. Sílvia mergulha em um momento de autoconhecimento, em que se questiona sobre o amor e suas variações, sobre a importância do apoio da família e sobre o valor da vida. Sua vontade de evoluir como médica cresce, ao mesmo tempo em que suas convicções vão sendo fortalecidas. De forma cativante, o autor Jordi Sierra i Fabra sensibiliza o leitor com suas indagações, e também com a realidade indiana, que se contrasta tanto com a vida da jovem espanhola.

Quando soube que o livro era ambientado na Índia, logo fiquei empolgada para ler, a Índia é um lugar que me fascina bastante. Um livro feito para refletir, que mostra a realidade cruel de um povo que é praticamente esquecido, mas que algumas pessoas fazem de tudo para amenizar a sua dor.

Batendo à porta do céu, nos conta a história de Sílvia que tem 19 anos e é estudante do curso de medicina, ela resolve fazer um estágio voluntário no Hospital da região Mysore no Sul da Índia. Seu pai é completamente contra a ideia, ele é um cirurgião plástico famoso e sua mãe atua na área de medicina também e estão acostumados com uma realidade bem diferente da que Sílvia vai encontrar na Índia. Logo que chega ao hospital ela é recepcionada pela doutora Elisabet Roca e o relacionamento entre elas vai ser como de mãe e filha. Sílvia conhece o estagiário Leo, que estuda medicina e atua na área de oftalmologia, ele é um ótimo profissional e está correndo o risco de não conseguir terminar o curso, pois ele depende de uma bolsa de estudo que por causa de suas atitudes ela pode não ser renovada. Ela vai conhecer também Mahendra, um homem que vive recluso em sua mansão depois da morte trágica de sua esposa e filhos.
Um livro que mostra os contrastes da Índia, a riqueza e a pobreza, as cores vibrantes e a cultura deste povo. A mudança dos personagens em quanto a leitura flui de uma maneira bastante envolvente, Sílvia fica cada vez mais envolvida naquele mundo que é completamente diferente do dela. Depois que ela conhece Mahendra, vamos ver uma maneira diferente de amor, Sílvia consegue fazer com que ele saia daquele casulo onde vive, ela quer que ele conheça o mundo, a vida de outra forma. A questão das meninas adolescentes terem que casar com homens que não conhecem e viver na casa dos sogros e levar chibatadas até aprender a fazer as coisas como eles fazem. Ela tem que superar a dor de ver a morte de perto, precisa aprender a não criar vínculo com os pacientes, mas isso é quase impossível de acontecer e quando ela toma a decisão de adotar uma criança que está ali abandonada é realmente incrível, ver o crescimento de uma personagem com 19 anos que conseguiu superar a dor e fazer algo mais por alguém, superar os seus conflitos internos, se encontrar e perceber que aquele mundo mesmo sendo cruel é onde ela quer desenvolver o seu trabalho.

Olhou-se no espelho e pensou na Sílvia Prats Olivella que tinha chegado ao hospital semanas antes. Era a mesma, mas alguma coisa, além do aspecto físico, tinha mudado nela. E talvez as mudanças mais evidentes fossem precisamente as que não podiam ser vistas, as de dentro, as emocionais, as relativas à mente e ao coração, os sentimentos e as sensações.

O autor soube retratar muito bem a Índia, conseguiu mostrar os contrastes, a realidade de um povo sofrido e esquecido. Os personagens têm uma personalidade forte e marcante e a maneira como eles se envolvem é realmente fantástica, uma mistura de realidade cruel e magia. O autor conseguiu fazer com que o livro seja reflexivo, não tem como ler e não parar para pensar na realidade que a personagem está vivendo.

A diagramação do livro é impecável e a capa é muito linda, principalmente a combinação de cores.